quarta-feira, 29 de outubro de 2014
CONTRACANTO: CONJUNTO LINDO E FELIZ
A interpretação de textos pode levar a conclusões
surpreendentes, não somente para o intérprete, mas
também para os autores. Isso, inclusive, foi tema de uma
crônica da Martha Medeiros, no ano 2000 (elencada no
livro "Non stop"), comentando surpresas do Mário Prata
e dela mesma, com interpretações de crônicas suas.
Ora, imaginem, se isso acontece com as crônicas, que,
teoricamente, são textos explícitos, o que não pode
suceder com poemas?
Surpresas ocorrem com minhas interpretações dos
poemas da Shirley. Ela já expressou, aqui no blog, sua
estranheza quando leu o que escrevi sobre alguns deles:
Ela não pensara naquela versão das coisas, ou naquela
visão do caso. A isso eu tenho que acrescentar: Também
a mim, Shirley, algumas interpretações surpreenderam!
Em uma primeira e superficial vista, pode até parecer
incongruente.
- Você entende um texto de uma determinada forma, e se
surpreende com o que entendeu?
Sim, é isso mesmo. Mas pode-se juntar a isto o seguinte
fato: Não é uma só interpretação que nos vem à mente.
Múltiplas combinações nos surgem, principalmente quando
tentamos "responder" à mensagem lida. Há que se gurdar
consonância com o que foi exposto.
No exemplar exposto a seguir, a interpretação não pode
variar muito. A autora é bem taxativa: Inesperadamente,
recebeu vesos de um poema e sente-se feliz com isso.
Não é necessário nenhum exercício semântico, tá lá na
tela! Inclusive a "alma sorriu...", num sinal inequívoco de
felicidade.
Observe você mesmo:
TÃO LINDO
Shirley
"Você surgiu
da semente das cores
quando eu tinha a solidão
a devorar-me o tempo.
Um poema para mim?...
Palavras inesperadas
nascidas numa tarde azul
golpearam fundo os meus limites.
Feliz
faço segredo
os amigos não sabem
ninguém viu
e ao saber-me embriagada de mel
de puro encantamento minha alma sorriu..."
* * *
Vejam a suavidade da construção. Os sentimentos fluem
naturalmente. Sem esforço a imagem chega até minha
mente. Vejo uma colegial adolescente segurando um
bilhetinho junto ao coração, com ar extasiado, sorriso
nos lábios e fitando um futuro risonho: "Ele me ama!"
No entanto, não é a essa imagem que faço alusão.
Na minha concepção, o tempo passa, a tarde festiva cede
seu lugar à noite, e a escuridão reinante pode empanar o
brilho dessa felicidade.
Para prevenir algo desse tipo, envio-me para a presença
dessa pessoa sensível e ponho-me ao seu lado, para que
não lhe falte amor e carinho. Veja o que ficou:
NOITE FELIZ
tesco (2014.02.01)
"A noite chega em silêncio
encobrindo todas as cores:
a tarde foi azul,
o campo era verde,
as borboletas amarelas.
Mas, agora,
o negror da noite tudo envolve.
Porém, nada temas,
nem solidão, nem tristeza,
nem melancolia, nem mansidão,
continuarei ao teu lado,
desfrutando-te,
para que sorrias
corpo e alma!"
* * *
Como de costume, minha poesia (se houver alguma) é
menos etérea e menos abstrata que a da Shirley. Lembra
mais um pedreiro na obra ou um soldado no campo.
Contudo, aqui consegui estancar um pouco meu pendor
para a estrutura formal, nem rima nem métrica meeram
o bedelho. Algumas vezes acontece.
Abraço do tesco.
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4 comentários:
Ah! Dio mio!!! rsrs
Por favor, tesco, responda com sinceridade: Você existe???
Tesco, vc fala como se não soubesse fazer poesia. Esses contracantos com a Shirley são sensacionais. Amo lê-los. Muita paz!
Tesco, concordo com a Denise. Você é ótimo e a Shirley também.
Beijotescas
Tesco, creio que no "fabrico' de poesia vc esta ótimo! basta ver o que esta ai. é também suave e sensível...
concordo com Denise!
hiscla
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