IDADE DAS TREVAS

O termo "Idade das Trevas", que era comumente citado nas
referências à Idade Média, está abandonado e é considerado
preconceituoso em relação à cultura e aos avanços científicos
ocorrentes naquele período.

- Ora tesco, e houve algum progresso científico nesse tempo?

Sem dúvida. No site Webciencia  encontramos as descobertas
e invenções mais marcantes da Idade Média:

- UNIVERSIDADE: Fundação da primeira, a de Bolonha (1150)
- ALGARISMOS ARÁBICOS: Introdução do uso na Matemática
  europeia, por Fibonacci (1202)
- ÓCULOS: Uso de lentes para corrigir distorções da visão,
  por Roger Bacon (1268)
- BÚSSOLA MAGNÉTICA: Descrição pelo francês Petrus
  Peregrinus de Maricourt (1269)
- RELÓGIO: Invenção do Relógio mecânico (1288).

- Grande coisa! E essas bobagens são "avanço científico"?

Essas "bobagens" são importantíssimas para qualquer
desenvolvimento científico. Pense numa Matemática com
algarismo romanos! Se com os arábicos já é complicada, sem
eles não teria futuro.

- Isso é...

E as leis da óptica também são fundamentais, inclusive usadas
na Sísmica, que é um ramo da Geofísica que trata de acústica.
A bússola...

- Isso é invenção chinesa!

Sabemos. Mas foi a descrição de Peregrinus que possibilitou
sua construção e difusão na Europa. E sua importância...


- Sei, sei. Mas que grande invenção é essa de relógio?
Já não existiam marcadores de tempo?

Sim, mas eram ou relógios diurnos, como o relógio do sol,
bastava uma neblina, e babau! Ou sistemas complicados,
pois exigiam uma atenção constante, como clepsidras ou
ampulhetas. Com o relógio mecânico, fica-se independente
do tempo atmosférico e da vigilância constante.

- Certo. Mas qual é essa utilidade  toda de marcar o tempo?

Hoje pode não ser tão importante, mas nesse tempo era
imprescindível para determinar a posição no mar. Sem ele
a navegação oceânica seria impraticável.

- Ué! Isso não é o problema resolvido com a bússola?

A bússola resolve o problema da DIREÇÃO, com ela se sabe
pra onde se vai. Mas a POSIÇÃO só era determinada com
auxílio do relógio. Como saber a distância percorrida a partir
de um determinado ponto?

- O sistema mais simples é saber a velocidade e o tempo gast...
Ah, é, tem razão.

Então...

- Mas que negócio é esse de Universidade? Isso não é invenção
dos gregos antigos? Pitágoras não tinha uma Escola? Platão
não criou a Academia? Aristóteles não fundou o Liceu?

Isso não tem nada a ver com Universidade moderna, foram
iniciativas particulares, individuais, não foram instituições
permanentes. A Academia durou cerca de 140 anos e o Liceu,
surprendentemente, conseguiu chegar a uns 600 anos, embora
bem longe do vigor inicial. A  Universidade de Bolonha não
está longe dos 900 anos.

- Ta bem, a Idade Média não era só trevas, alguma coisa ela
nos deixou de bom, mas...

Alguma coisa, uma ova! Muita coisa, isso sim. Pense apenas
nos algarismos arábicos! 

- Tá, tá, não se irrite! O que eu quero saber é o que você
pretende demonstrar falando da contribuição da Idade Média?

Bem, quero mostrar, inicialmente, que o conhecimento não é o
produto de saltos, mas de uma evolução contínua, que é lenta
em alguns períodos e tem picos de inovação em outros.

- Certo, isso eu aceito, embora seja difícil de acreditar às vezes.
Que mais?

Depois vem a demonstração de que a Idade Média muito nos
ajudou na renovação espiritual.

- O quê!? Perdeu o juízo? Com as fogueiras da Inquisição?
Com o Ìndice de livros proibidos? Com os desmandos da Igreja
Católica? Com as guerras religiosas? Com as Cruzadas? Com...

Calma, calma! Relaxe e guarde na sacola. Debateremos isso
num próximo post.

Abraço do tesco.