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domingo, 12 de agosto de 2012

BOBAGENS LINGUÍSTICAS 13

COPRA E GUANO

Palavras muito comuns em histórias ambientadas nas ilhas
do Pacífico, são colocadas nas traduções sem nenhuma
nota explicativa. Nunca fui preguiçoso para consultar

dicionário, mas, como os termos não eram essenciais para
a compreensão da trama, costumava adiar a consulta e,
frequentemente, confundia os termos.


Podem ser até parecidos na coloração, mas um não tem
nada a ver com o outro.


COPRA é a polpa do coco secada ao Sol, para assim retirar-lhe
a água e ficar bem mais leve, a fim de ser transportada até
centros industriais, onde lhe seria extrído o óleo.


GUANO é o excremento de aves marinhas, como a gaivota e
o albatroz, rico em fosfatos e nitratos, e que é utlizado como
adubo, além de ser uma boa fonte de nitrato para pólvora.


Agora não confundo mais, não ponho guano na boca em vez
de copra.


MACERAR

Até uns trinta anos atrás (parece que foi ontem), eu associava
'macerar' com machucar, esmagar, até mesmo com massacrar.
Então comecei a ver o termo em receitas de chás e remédios
naturais, onde a palavra significa 'deixar em repouso

mergulhado em água ou outro líquido. Acepção contrária à
anterior, pois um sólido (excluindo os metais) mergulhado em
água incha, provavelmente, e não fica com aspecto de moído,
esmagado, triturado, pressionado.

Acontece que as duas acepções são pertinentes ao mesmo
termo. Os "doutos e eruditos senhores do léxico" não se
interessaram em separar significados tão díspares, e o pobre
basbaque (atualmente 'babaca'; mais fácil de falar e escrever),
aqui, fica pastando:

"Será que estou usando o termo adequado?"

DERRIBAR

Alguns anos atrás (com 'alguns' quero dizer uns sete, oito, ou,
quem sabe, dez), num programa local de televisão, desses de
"corrigir a linguagem dos ignorantes", a professora ensinou:
- Gente, não fale 'derribar' que é errado, diga 'derrubar', que é

o correto!

Vejam só até onde chega o preconceito! Ambas as formas vêm
do latim vulgar 'derrupare' ou 'derripare' e ambas são aceitas
pelos dicionaristas. No sertão nordestino é a variante preferida,
sem nenhum problema para falantes ou ouvintes, talvez por isso
seja vista com maus olhos pelos 'civilizados'.


Saliente-se a forma espanhola "arriba", de ampla circulação em
nosso território.


Essa mania de classificar  a linguagem em 'certo' ou 'errado'
ainda derriba um!



QUEM TE VIU, QUEM TE VÊ

No tópico anterior não há utilidade em identificar o programa,
que não tem veiculação nacional. Desta vez, no entanto, o
caso é com Pascoale Cipro Neto, numa das edições de
"Nossa língua portuguesa", faz alguns anos e pouco mais.


Pascoale sempre se auxilia com letras da música popular e,
nesta edição do programa, enfocou a música de Chico Buarque
que intitula o tópico. Não lembro das lições que ele extraiu da
letra, apenas lembro que ele elogiou o autor (lógico!), fazendo
apenas uma crítica na utilização do provérbio: Queria que o
Chico tivesse usado a forma "correta" de se referir à terceira
pessoa, que seria "Quem a viu, quem a vê".


Ora, isso parece ser o desconhecimento do costume nacional
(e, creio que, de ooutros povos também): Citar o provérbio

como ele é transmitido, o que é, freqentemente, uma citação
abstrata, não se referindo a esta ou aquela pessoa.
Vejam os exemplos abaixo:
"Mais vale um pássaro na mão, que dois voando";
"De grão em grão a galinha enche o papo";
"Casa de ferreiro, espeto de pau";
"Cada macaco em seu galho";
"Tal pai, tal filho";
"Quem ama o feio, bonito lhe parece".


Para esta última, então, fica fácil notar a impessoalidade das
frases. Todos conhecem a fábula da coruja e seus filhotes.
O provérbio não é: "Toda coruja considera seus filhotes lindos",
o que já seria impessoal também, mas o ditado vai além, usa

a personalização "quem", quer dizer, 'qualquer pessoa'.
.
Como eu disse acima: Essa mania de classificar  a linguagem
em 'certo' ou 'errado' ainda derriba um!


Abraço do tesco.

6 comentários:

Anônimo disse...

Copra eu conhecia!!!
Numa viagem pela África, um grupo de santomenses comia copra e uma das moças me ofereceu. Por delicadeza e curiosidade provei e não gostei, muito amarga. A copra, Tesco, a copra.
Manoel Carlos

Anônimo disse...

Meu anjo, voce deveria fazer um trataddo..nunca vai se conformar com algumas coisinhas.
hiscla

Anônimo disse...

Tesco, você já sabe que a minha família materna é maranhense e uma de minhas tias se casou com um cearense, tendo morado lá um período. Essa parte da família foi morar no Rio e foi super engraçado quando descobri algumas palavras. A primeira delas foi arribar. Minha avó disse "arriba menina" e eu não entendi nada. Uma de minha primas falou "rebola isso para mim" e eu balancei o tal objeto como se estivesse sambando. Depois que eu fui descobrir que no Ceará rebolar também pode ser jogar, arremessar. Outra palavra que ouvi recentemente e me deu uma enorme saudade do meu avô foi "mequetrefe". Tá legal, não tem nada a ver com o assunto, mas quis deixar registrada a saudade.
Beijotescas

Anônimo disse...

Tesco, outra. A família do Antonio é amazonense. Uma vez a minha saudosa sogra estava indignada com uma certa pessoa e fez o seguinte comentário: "parece até que nasceu na Baixa da Égua". Um carioca ouvindo isso não iria entender, mas como filha de maranhense compreendi perfeitamente bem. É um lugar "chinfrim" (outra palavra muito usada pelo meu avô, principalmente quando as netas queriam passear).
Mais beijotescas

Anônimo disse...

Cruzes! Hoje estou exibida. Sabe qual é a origem das palavras encrenca e sacanagem? Elas vêm do Ídiche, graças às famosas polacas que foram trabalhar como prostitutas no Rio de Janeiro.
Encrenca - Quando suspeitavam que o cliente tinha doença venérea elas falavam "krenke" que significa doença em Ídiche.
Sacana - significa polícia na mesma língua. Elas gritavam essa palavra quando a polícia davam incertas nos bordéis. Acabou virando sacanagem.
Descobri isso quando fiz uma pesquisa sobre as polacas.
Mais beijotescas finalizando o assunto.

tesco disse...

Yvonne, pode se exibir à vontade, sua participação somente enriquece nossos posts.
Agradeço aos céus que, em vez de ter quatrocentos e danou-se comentários, eu tenho visitantes tão ilustres como você, Manoel Carlos, hiscla e os demais leitores, que se abstém de comentar, mas leem os posts. Obrigado a todos vocês.
Abraços.