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domingo, 20 de maio de 2012

RENOVADO


Gossid liderava aquela massa de homens, guerreiros tenazes.
intrépidos e decididos, com uma fibra indomável: Haveriam
de conseguir a liberdade e o reconhecimento devido a um
povo livre!

Não era velho, nem tinha atingido a meia idade, que nesse
período da história estaria por volta dos 35 anos, Gossid teria,
no máximo, 30 anos, embora causasse uma impressão de
bastante experiência. Tinha um corpo rijo, adaptado às
intempéries, apesar de aparentemente franzino.

A diretriz que impunha a seus comandados, conhecida e
respeitada por todo o exército guerrilheiro, era de não torturar
ninguém e evitar ao máximo matar o inimigo. Isso parecia
contraditório ao que se propunham, mas Gossid já havia
demonstrado várias vezes que era possível, conquistando
posições inimigas com um mínimo de mortes.

Dizia ele coisas como: "O inimigo não é o verdadeiro inimigo,
este que reside dentro de nós mesmos" e "O invasor também
tem filhos e pais, queremos que ele volte para os seus, não
que morra".

O Alto-Comando das forças invasoras já tinha conhecimento
destas intenções dos guerrilheiros, seja através de
comunicados do Exército da Resistência, seja através de
guerrilheiros capturados, ou mesmo, pelo resultado das
ações efetuadas, mas não compartilhavam esse ponto de
vista. E, num atentado da guerrlha, visando exclusivamente
instalações, o qual, aliás, teve sucesso total, Gossid foi

ferido, vindo a falecer.

O Exército da Resistência, qual uma fera acuada, multiplicou
seus esforços e conseguiu expulsar o invasor, sendo
reconhecida a plena soberania do país. Mas isto está nos
livros de História e todos têm completo acesso a essa epopeia.
N
ão é isso que nos interessa.

O que não consta de livro algum é o que aconteceu a Gossid
após sua morte. Conto pra vocês porque, além de ser um
acontecimento didático, eu estava lá na ocasião e presenciei
tudo.

Sim, desde o recolhimento dos desencarnados e seu
transporte para o Abrigo Muru, até o processo de
reencarnação de alguns desses, eu acompanhei a evolução
de Gossid no plano espiritual.

Gossid se recuperou rapidamente, não denotava as sequelas
espirituais que são comuns nesses casos: Desconhecimento

da nova situação em que se encontram, obstinação em
continuar com as tarefas que faziam, inquirição recorrente
sobre companheiros da encarnação finda, etc. Nada disso
Gossid apresentava e integrou-se em pouco tempo, às
atividades rotineiras do Abrigo.

Mestre Bona me encarregou de acompanhar Gossid quando
ele interessou-se em rememorar as experiências de vidas
anteriores. Na sala do psico-visor, ele fazia questão que eu
seguisse junto com ele , cada episódio marcante de suas
trajetórias, pois considerava muito pertinentes as minhas
observções.

E eram experiências interessantes sim. Usualmente, Gossid
havia vivido existências de muito sofrimento e abnegação.
Desencarnações em plena juventude eram frequentes e,
quase sempre, motivadas por defesas de boas causas.
Nessas ocasiões Gossid demonstrava bom controle das
emoções e, normalmente, dizia apenas:

- Sim. Eu lembro!

Chegamos a um nível, entretanto, que a imagem não
apresentava mais resolução para boa visibilidade. Gossid
então me perguntou:

- Irmão Teskus, a que se deve esta defciência de imagem?
Será algum defeito no equipamento?

- Provavelmente não, Gossid. A Providência Divina coloca
limites na nossa frente, justamente para que nos limitemos
ao que temos. Para nossa própria proteção. É como a mãe
que coloca o filho pequeno entre grades para que ele não
se
machuque em áreas externas. Contudo, devemos testar
as
nossas forças nesses limites, para quando estivermos
suficientemente fortes, podermos ultrapassá-los.

- Sei. Mas, o que pode ser esta "criança" em mim?

- Esta "criança", que temos que proteger, é nossa mente.
Muito frequentemente nos avaliamos acima do verdadeiro
nível em que estamos. Devemos nos precaver e fazer um
minucioso exame do que  conseguimos assimilar, sem
prejuízo
do nosso entendimento. Choques mentais são
muito
perigosos.

- Entendo. Então, o mais aconselhável é aguardar que eu atinja
um nível maior de entendimento da evolução corpo-espírito,

não?

- Perfeitamente. Nosso passado, na maioria das vezes, reúne
os fatos mais escabrosos já vistos no mundo e, nem sempre
estamos preparados para relembrar tudo o que fizemos
outrora.

- Aguardarei melhor momento, então.

   *   *   *  

Passou-se algum tempo depois desta série de sessões, treze
meses talvez, e Gossid me consultou sobre a conveniência de
nova consulta ao psico-visor. Alegou ele que se sentia um

tanto intrigado por lhe terem sempre sido adversas as
circunstâncias nessas encarnações que havia rememorado,
e emendou:

- Entendo que vamos melhorando pouco a pouco nosso modo
de sentir, entender e fazer as coisas, portanto, é natural que,
quanto mais recuemos, mais nossos atos e pensamentos
sejam mais "selvagens", digamos assim. Sinto-me preparado
para encarar o que quer que eu tenha cometido na busca de
evolução, nestes últimos milênios.

Apesar de ter autonomia para acionar o psico-visor em níveis
mais profundos, consultei o Mestre Bona, pra saber se ele
levantava alguma objeção.

- Não, Teskus, pelo contrário. Considero que Gossid adquirirá
mais firmeza e determinação nas suas convicções. E é
 extremamente importante se ter confiança no que se faz.

Assim, retornamos à sala do psico-visor para mais sessões de
rememoração. Desta vez notamos que Gossid passava, cada

vez mais, nas existências pretéritas, para um papel de agressor.
As agruras sofridas nas encarnações mais recentes,apareciam
agora como se "justificadas". Gossid tinha feito "poucas e boas".


Atingimos então um momento bem interessante na vida
espiritual do planeta: Quando, há uns cinco mil anos antes,
chegava uma nova leva de seres imigrantes. Vinha de um
distante planetinha, quase fora da Galáxia, como o nosso, pois
situado num dos braços galáticos mais externos. Gossid era
um dos imigrantes.

Na última encarnação sobre este planeta, Gossid ocupava uma
posição de destaque: Era o líder de uma grande comunidade.
Sua nação tornou-se poderosa, em termos materiais, e logo
sobreveio uma terrível guerra, na qual Gossid e sua nação

eram os principais agrssores.

Ao ver as cenas, grossas lágrimas rolaram dos olhos de
Gossid e, com voz entrecortada pela emoção, exclamou:

- Ja! Ich erinnere mich! Mein Name war Adolf Hitler!
(Sim! Eu lembro! Meu nome era Adolf Hitler!).



Abraço do tesco.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vixe...Nem sei o que dizer!
hiscla

Anônimo disse...

Tesco, sua imaginação fértil dessa vez foi demais. Não esperava um final desse. Li o texto duas vezes para ver se perdi alguma coisa, mas pensei que, como Gossid foi um excelente líder anteriormente, não imaginei que ele pudesse se tornar um Hitler. Acho que devo ter me confundido.

Dizem os entendidos que o espírito de Hitler foi expulso para não sei onde e nunca mais reencarnará. Não sei se é verdade.

Beijotescas

Reinaldo Sergio disse...

Belo texto. Parabéns e, muita saúde.

tesco disse...

Yvonne, esses 'entendidos' por certo que não são entendidos, a menos que tenham dito que Hitler não reencanará na Terra, o que não exclui outros planetas.
E é justamente o que advogo no conto: Hitler estaria se dedimindo noutro planeta, isto daqui a muitos anos no futuro.
Não há nada que as reencarnações não recupere.
Beijos.