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domingo, 29 de janeiro de 2012

LITERATURA DE CORDEL - 1

A literatura de cordel, embora seja uma instituição nordestina,
é conhecida em todo o Brasil. Digo nordestina porque, apesar
da origem portuguesa, lá era exclusivamente em prosa e só
no Brasil estabeleceu-se em versos.


Os temas são os mais diversos, como indicam os seus títulos:
"A mãe que xingou o filho no ventre e ele nasceu com chifre
e com rabo", "As enchentes no Brasil no ano 74", "A Guerra
de Canudos", "A chegada de Lampião no inferno" e outros.


A temática lírica, porém, é relativamente rara. Mas aqui temos
um belíssimo exemplo nesse tema, extraído de uma antologia
de Leandro Gomes de Barros (que deve ser o próximo alvo do
sortesco), cordelista do início do século 20.


RECORDAÇÕES
Leandro Gomes de Barros


Éramos, ela e eu, ambos crianças,
Voávamos em asas de esperança,
Cheios de vida e mocidade.
Esperávamos os primeiros raios do sol
Escutando cantar o rouxinol,
Olhando a imensidade!


Ela tinha, talvez, uns nove anos,
Tinha olhos celestes,soberanos,
Cabelos como a tela.
A brisa osculava aquele rosto,
Os últimos raios do sol posto
Se enamoravam dela.


Eu e ela, à tarde nas campinas,
A tirar as flores das boninas
Que ali no campo havia.
A desfolhar os ramos das violetas,
Atrás das douradas borboletas,
Como louco eu corria.


Quando à tarde o sol ia morrendo,
O juriti saudoso ia gemndo,
Em procura do lar.
O camponês voltava do trabalho,
A abelha, úmida de orvalho
Ia se agasalhar.


Nós também procurávamos nossas casas,
Como a rola que a sol posto bate asas,
E vai pousar no ramo.
Eu dizendo: Escuta, Oh Maria,
Amanhã, quando amanhecer o dia,
Eu vou lá e te chamo.


Ela, com o rostinho encantador,
Dizia-me: Sim senhor,
O espero amanhã.
Hoje mesmo ajunto meus brinquedos.
Para ir àqueles arvoredos,
Vou pedir a mamã.


No outro dia à fresca madrugada,
Já me encontrava descalço na estrada,
Atrás dos pirilampos,
Eu a ia acordar e lhe dizia,
Já são horas, levanta-te Maria,
Vem ver que belos campos.


Reboavam atrás daquela serra,
Ecos que enchiam toda a terra,
Como som de trovoada.
Inda eram homens que caçavam,
Fulminando matas aos cães gritavam.
E vinham da caçada.


Abraço do tesco.

3 comentários:

Anônimo disse...

Dizem que o termo se originou no fato de os livrinhos serem amarrados em cordas e pendurados na parede do Restaurante Gregorio, no Pátio de São Pedro, no Recife.
Manoel Carlos

Yvonne disse...

Maravilha!
Beijotescas

Anônimo disse...

Muito legal..muito mesmo né?
possui algum ai de lampião, maria bonita ou tema histórico qualquer?
rsrs
hiscla